sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Romeu e Julieta do Sertão - Capitulo 4

Joaquim levou uma bronca de sua tia, ele contou aos tios que caiu do cavalo e machucou o nariz, não iria contar o que de fato aconteceu, horas depois do jantar Joaquim pulou a janela do quarto e saiu para noite clara com luar,  foi andando por entre as sombras, já era tarde da noite a lua estava no alto do céu, notou que seu fiel cachorro o acompanhava, perdigueiro era um cachorro pequeno, mas muito valete. 
Volte para casa perdigueiro, nessa empreitada tenho que ir sozinho, será muito perigoso.– O garoto espantou perdigueiro e prosseguiu, de fato será perigoso se Osório o capataz da fazenda  estiver por perto meterá chumbo e perguntará depois, sem falar dos cachorros da fazenda, Joaquim precisará de um plano e  já sabia exatamente o que iria fazer.  
Pegou um frango no poleiro na casa do vizinho,  sorrateiramente chegou a casa de Jacinto de Andrade, soltou o frango no escuro, este começou a gritar e chamar a atenção dos cachorros, que vieram latindo, o frango correu levando os cachorros para longe, Joaquim desceu da arvore em que se escondia deu a volta na casa procurando pela janela certa, e para sua surpresa, havia uma menina formosa debruçada na janela, contemplando as estrelas  ao pálida luar, com seus longos cabelos negros dançando com a brisa do vento, Joaquim sentiu o coração parar no peito, Isabel é tão formosa, ele precisa ser rápido, o frango não irá distrair os cães a noite toda.  
Joaquim escalou pela pilastra de pedra, até chegar na janela de Isabel quando o viu ela arregalou os grandes olhos escuros, mas logo notou que era ele, abriu um sorriso encantador de menina, quando Joaquim enfim pulou para dentro do quanto, Isabel o abraçou apertado, depois o olhou com preocupação. 
Esta louco, não deveria ter vindo, se Osório te encontrar nem sei o que poderia  acontecer. – Isabel sussurrou para não acordar os pais que dormem no quarto ao lado.  
– Eu tinha que ver você.– Joaquim acaricia a bochecha de Isabel. – Não posso permitir que seu pai  te leve para longe de mim.  
– Não há nada que possa fazer, meu pai esta com muita raiva é melhor fazer o que ele pede.–  A face de Joaquim se contorce de angustia. 
–Tenho que fazer algo, você não pode partir.– Isabel ficou triste, passou a mão pelos cabelos de Joaquim. 
– Não quero que faça nada imprudente, temo por sua vida, fiquei sabendo que enfrentou Osório, me prometa que não fará nada, me prometa que ficará bem. 
– Não posso prometer isso.– Falou Joaquim se afastando dela. 
– Se matarem você eu também morrerei, não percebe isso.–  Isabel se aproximou de Joaquim. – Eu voltarei para você prometo isso, mas tem que zelar por sua vida, quando voltar quero encontra-lo inteiro.–  Relutante Joaquim concordou. 
– Está bem Bel eu prometo, vou pensar em você todos os dias. – Joaquim se virou para Isabel, com olhos tristonhos, a menina o abraçou apertado.  
– Eu também vou pensar em você, olhe para lua e para as estrelas pois eu também irei olhar todas as noites e pensarei em te, tocando sua viola. – Isabel tem um cheiro adocicado de rosas, Joaquim passou a mão pelos cabelos sedosos.  
– Irei tocar pra você, toda noite de lua cheia, não vou esquece-la morena. – Joaquim abaixou a cabeça e beijou a testa de Isabel.  
Os dois ficaram boa parte da noite conversando, falando sobre o futuro, como seria a vida dos dois onde eles iriam morar, quantos filhos teriam, sonhando acordados com um futuro, idealizando o destino, mas infelizmente o destino tem outros planos para esses dois, um caminho tortuoso cheio de pedras e espinhos. 
Quando a alvorada surgiu Joaquim chegou em casa, alegre e triste ao mesmo tempo, sem saber bem o que estava sentindo tudo o que sabia é esse tempo longe Isabel seria longo, mas ele prometeu que iria esperar por ela, esse tempo seria uma eternidade e um tormento. Mas ele iria manter a sua palavra e esperar por ela, tinha que se manter firme para não morrer de saudades ou para não perder o juízo, passou a noite toda gravando cada traço delicado do rosto de Isabel em sua memoria.  
Isabel olhava pela janela do carro e suspirava, estava indo para longe do seu lar, de sua terra e para longe de Joaquim, ela observava a serra ao longe melancólica, não sabia ao certo quando voltaria, mas rezava para que seja em breve. 

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