Joaquim estava no curral com o tio, Ernesto estava domando cavalos por empreita, enquanto os bois engordam, dentro do curral há um potro de dois anos, ancas lagar, patas fortes, um trote determinado é um belo alazão cor de brasa. Só de olhar em seus olhos Joaquim vê o espirito indômito do animal, se identificou com o potro, este luta com bravura para não ser domado, a natureza de ambos é livre.
Seu tio laça o potro com um golpe certeiro, Joaquim não tiro os olhos, nem se quer pisca para gravar os movimentos do tio, pela a primeira vez Ernesto passa as rédeas de um cavalo xucro a Joaquim. O método de seu tio é contrario de qualquer outro domador dessas bandas, seu tio não usa esporas, não usa chicotes, não usa nem um método que agride o animal, sua doma é gentil, na base da conversa.
Joaquim alisa o animal, passando a mão em suas ancas, nas patas, acaricia o focinho enquanto conversa com o potro, quando percebeu que ganhou a confiança vem o segundo passo, Ernesto flanqueia o potro com outro cavalo pegando nas rédeas, Joaquim monta o alazão com cuidado, esse se assusta e se inclina ficando em duas patas.
– Calma garoto, esta tudo bem. – Joaquim conversa e acalma o potro, seu tio instiga o cavalo ao lado para andar, com passos lentos e cuidadosos o animal caminha se acostumando com a presença de Joaquim, pouco depois se sentido confiante galopa.
No final do dia Joaquim já confia no potro e o potro fica cada vez mais a vontade com Joaquim, que já esta montando com arreio e sem o cavalo guia. Joaquim cavalgo para o ponto de encontro com Isabel, ele queria mostrar a ela o cavalo que ele mesmo domou, queria se gabar de sua façanha, ele iria deixa-la montar, mas com ele guiando o cavalo e também ele queria falar com ela sobre aquele beijo de outro dia, ela o beijou e saiu correndo, Joaquim sorriu com o pensamento, recordando o doce toque dos lábios da moça em sua bochecha.
Chegou na frondosa arvore que ficava no alto de um morro, no viu Isabel, ficou esperando, deitado na relva olhando as nuvens passar no céu azul, ao longe Joaquim viu uma moça, subir o morro até onde ele estava. Quando ela se aproximou ele reconheceu a filha de Maria a cozinheira da família Andrade, o nome dela é Joana.
– Joaquim.– Ela gritou o nome do rapaz, Joaquim ficou preocupado algo deve ter acontecido com Isabel ela nunca deixaria de vir ao seu encontro, Joana chegou até ele sem folego, ela deveria ter 18 anos de idade, um mulata bonita, ela estava ofegante.
– O que foi Joana? Onde esta Isabel? – Sem dizer nada ela apenas entregou um pedaço de papel, certamente um bilhete.
Impaciente Joaquim pegou o bilhete e começou a ler rapidamente, choque se passou no rosto do rapaz ele ficou pálido, soltou uma exclamação, seu rosto se contorceu em angustia, guardou o bilhete no bolso, montou no cavalo.
– Vamos ver do que você é capaz. – Joaquim disse na orelha do animal e o instigou, o cavalo galopou como o vento, Joaquim não iria permitir que Isabel fosse embora, não iria permitir que ela fosse embora da vida dele.
O rapaz chegou na casa grande da fazenda de Jacinto, a sede da fazenda é um típico casarão pintado de branco, com grandes janelas azuis, há varias palmeiras em volta da casa e uma grande arvore um flamboyant florido de vermelho. Joaquim desceu do cavalo e foi andando com passos determinados para a porta da casa, o capanga de Jacinto, Osório o abordou.
– Onde você pensa que vai, moleque ?
– Não sou moleque sou um homem, vim para falar com Isabel.– Osório riu mostrando os dentes amarelos e falhos, ele deveria ter cinquenta anos, com uma barba grande e grisalha, muito magro, feições rudes, sua aparência é de dar medo, mas não em Joaquim.
– Não vai falar com ninguém é melhor ir embora antes que eu lhe de uma surra moleque. – Sua voz é ameaçadora.
– Sai da minha frente. – Esbravejou Joaquim.
– Se eu não sair o que vai fazer ? – Joaquim tem que admitir que não pensou muito, antes de chegar aqui, mas não iria desistir tão fácil.
– Vou passar de um jeito ou de outro– disse Joaquim levantando os punhos.
– Você tem coragem, mas eu estou sem paciência. – Osório deu um soco no estomago de Joaquim, o rapaz caiu de lado, sem conseguir respirar, Joaquim se levantou e partiu para cima do agressor tentou golpeá-lo, mas ele se esquivou e revidou com um soco acertando o nariz de Joaquim, sangue jorrou pingando em sua camisa, pelo jeito o seu nariz estava quebrado.
– Vá embora moleque enquanto ainda pode, eu não sou um homem misericordioso. – Joaquim olha com ódio para Osório, esse o olha com um sorriso de desdém, Joaquim era valente não burro, não poderia vencer Osório então resolveu ir embora, ele montou em seu cavalo e vai pra casa.
Joaquim não iria desistir voltaria a noite para ver Isabel, vai subir até a janela do quarto dela, nem que seja para se despedir, ele precisava vê-la.
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