sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Romeu e Julieta - Capitulo 2


Os meses foram passando rapidamente, se tonaram anos e Joaquim foi com o tio aprender a lida de vaqueiro, enquanto Isabel suspirava de saudades do amigo, tinha que se contentar em brincar com os irmãos, mas não era a mesma coisa, seus irmãos nunca a trataram como igual.
A alegria da menina voltou algum tempo depois, com o retorno de Joaquim, este chegou cheio de histórias para contar, das suas andanças. Joaquim estava mais velho quase um rapaz, já não era mais o menino que ela conheceu, contou que montou em uma mula brava e ainda saiu vencedor, ajudou ao tio a caçar um porco do mato e conheceu a cidade grande, até então ele nunca havia saído daquelas terras, os olhos de Joaquim brilhavam de felicidade, enquanto Isabel imagina suas façanhas com ar de sonhadora.
Os dois ficaram tão entretidos na conversa que não viram o tempo passar, já estava anoitecendo quando Isabel se deu conta que deveria estar em casa, ainda tinha que se lavar para o jantar, seu pai fica uma fera quando seus filhos desobedecem a suas ordens. 
–Eu tenho que ir estou atrasada – Isabel deu um beijo na bochecha de Joaquim e saiu correndo pelo pasto. Quando chegou em casa o sol já havia se escondido no horizonte, Isabel foi direto para a sala de jantar, não daria tempo para se lavar, todos já estavam sentados à mesa, o pai dela a olhou de cara feia, seus irmãos estavam de cabeças baixo, isso não era um bom sinal.
–Onde você estava Isabel? – Perguntou o pai com a voz endurecida.
– Eu estava brincando. – a menina respondeu prontamente.
– Até essa hora, sabe muito bem que não gosto que ninguém desta família se atrase para o jantar. ­– Isabel não se atreveu a olhar para o pai, mas sabia que seus olhos estavam faiscando de raiva.
– Me desculpe pai isso não vai acontecer de novo. – Isabel falou com a voz firme, ela fez menção de se sentar à mesa.
– Olhe só para você está imunda. – Isabel sabia que estava suja, seu vestido estava empoeirado, havia carrapichos em suas roupas e em seus cabelos, ela estava suada porque correu para chegar a tempo. – Não vai se sentar à mesa com está sujeira, ficará sem jantar para aprender não se atrasar. – Os olhos de Isabel se encheram de lagrimas o pai nunca fora tão rude com ela, olhou para a mãe que tinha os olhos tristes e distantes, os irmãos se remexeram inquietos em suas cadeiras – Está surda Isabel vá logo para seu quarto. – o pai gritou algo que nunca tinha feito.
Isabel foi para o quarto e naquela noite chorou até adormecer sem se importar com a dor no estomago, no outro dia pela manhã, sua mãe a acordou cedo, ela tomou café no quarto, Teodora penteou o cabelo da filha lentamente depois fez uma trança.
– Seu pai está esperando para falar com você. – a mãe disse com a voz triste, Isabel olhou para a mãe assustada.
– Mas mãe eu não fiz nada. ­– A mãe acariciou sua cabeça.
– Eu sei querida, sei que é uma boa menina, foram às ideias do seu pai que mudaram. – Isabel franziu o cenho, sem entender o que a mãe estava dizendo. – Agora vá o seu pai está esperando no escritório.
Isabel chegou tímida no escritório do pai, ele estava avaliando os livros contábeis da fazenda, ergueu os olhos quando ela entrou, pediu a benção dele como o de costume, ele indicou para que ela se sentasse, Isabel se sentou com as costas eretas se sentindo desconfortável.
– Amanhã cedo você vai para a casa de minha irmã em São Paulo, ira morar com ela, para aprender a se comportar como uma moça. – Isabel perdeu o folego, ela não queria ir embora, a família dela estava ali, não queria morar com a tia que mal conhecia.
– Pai eu não quero ir. – Isabel falou com desespero.
– Não estou perguntando sua opinião, estou te comunicando minha decisão. – Continuou seu pai com uma voz estridente, Isabel não controlou as lagrimas desta vez, começou a soluçar.
– Por favor, pai me desculpe, eu prometo que vou me comportar, por favor, não me mande embora. – Seu pai continua inabalável perante seu pranto.
– Estou fazendo o que é melhor para você. – Ele apoiou nas costas da cadeira. – acha que eu não sei que ficar por ai com aquele moleque bastardo que o Ernesto cria. – Isabel ficou chocada com as palavras do pai, ele estava falando de Joaquim. – Esse comportamento é inaceitável, filha minha não vai ficar mal falada. – Isabel controlou o choro e engoliu em seco, ela queria gritar com pai, para que ele não falasse assim de Joaquim, ele não era bastardo.
– Pode ficar chateada agora, mas vai me agradecer depois. – Isabel sabia do fundo do coração que nunca iria agradecer ao pai por isso. – Mas veja pelo lado bom seus irmãos vão com você, quero que meus filhos voltem doutores, eles vão administrar isso aqui quando eu morrer e quanto a você vou lhe arranjar um casamento. – Isabel olhou para o pai com os olhos arregalados de horror, ela não iria se casar com nem um homem, ela prometeu se casar com Joaquim, seu coração pertence a Joaquim. – Não tem que se preocupar com isso por enquanto, quando fizer 18 anos vou arrumar um bom partido para você, agora pode ir fazer suas malas. – Isabel se levantou da cadeira sem de fato sentir o chão, chegou ao quarto sua mãe estava arrumando suas malas, ela correu para o colo da mãe e começou a chorar, chorava não por ficar longe da família mas porque ficaria longe de Joaquim.
A tarde quando Isabel se sentiu melhor, ficou olhando para o horizonte sabia que estava na hora de encontrar com Joaquim, o pai não permitiu que ela saísse de casa, ela nem poderia se despedir e isso fez seu coração doer, ela nem sabia ao certo se conseguiria sobreviver durante o tempo que ficaria fora, pode alguém morrer de saudades?
Pegou papel e caneta e escreveu um bilhete rápido.

Querido Joaquim, meu pai não quer que eu te veja mais, por isso irá me mandar para longe, não sei se suportarei viver sem você. Prometemos de um dia nos casar, lembre-se de nossa promessa, lembre-se de mim, eu prometo que voltarei para você. 

Sua para todo sempre Isabel. 


Isabel foi até a cozinha encontrou Joana e pediu para ela levar o bilhete para Joaquim, a princípio ela negou, não queria se meter em encrencas, mas Isabel implorou para a moça que acabou aceitando.  

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