Os meses foram passando
rapidamente, se tonaram anos e Joaquim foi com o tio aprender a lida de
vaqueiro, enquanto Isabel suspirava de saudades do amigo, tinha que se
contentar em brincar com os irmãos, mas não era a mesma coisa, seus irmãos
nunca a trataram como igual.
A alegria da menina voltou algum
tempo depois, com o retorno de Joaquim, este chegou cheio de histórias para
contar, das suas andanças. Joaquim estava mais velho quase um rapaz, já não era
mais o menino que ela conheceu, contou que montou em uma mula brava e ainda
saiu vencedor, ajudou ao tio a caçar um porco do mato e conheceu a cidade grande, até
então ele nunca havia saído daquelas terras, os olhos de Joaquim brilhavam de
felicidade, enquanto Isabel imagina suas façanhas com ar de sonhadora.
Os dois ficaram tão entretidos na
conversa que não viram o tempo passar, já estava anoitecendo quando Isabel se
deu conta que deveria estar em casa, ainda tinha que se lavar para o jantar,
seu pai fica uma fera quando seus filhos desobedecem a suas ordens.
–Eu tenho que ir estou atrasada –
Isabel deu um beijo na bochecha de Joaquim e saiu correndo pelo pasto. Quando
chegou em casa o sol já havia se escondido no horizonte, Isabel foi direto para
a sala de jantar, não daria tempo para se lavar, todos já estavam sentados à
mesa, o pai dela a olhou de cara feia, seus irmãos estavam de cabeças baixo,
isso não era um bom sinal.
–Onde você estava Isabel? –
Perguntou o pai com a voz endurecida.
– Eu estava brincando. – a menina
respondeu prontamente.
– Até essa hora, sabe muito bem que
não gosto que ninguém desta família se atrase para o jantar. – Isabel não se
atreveu a olhar para o pai, mas sabia que seus olhos estavam faiscando de raiva.
– Me desculpe pai isso não vai
acontecer de novo. – Isabel falou com a voz firme, ela fez menção de se sentar à
mesa.
– Olhe só para você está imunda. –
Isabel sabia que estava suja, seu vestido estava empoeirado, havia
carrapichos em suas roupas e em seus cabelos, ela estava suada porque correu
para chegar a tempo. – Não vai se sentar à mesa com está sujeira, ficará
sem jantar para aprender não se atrasar. – Os olhos de Isabel se encheram de
lagrimas o pai nunca fora tão rude com ela, olhou para a mãe que tinha os olhos
tristes e distantes, os irmãos se remexeram inquietos em suas cadeiras – Está
surda Isabel vá logo para seu quarto. – o pai gritou algo que nunca tinha feito.
Isabel foi para o quarto e naquela
noite chorou até adormecer sem se importar com a dor no estomago, no outro dia
pela manhã, sua mãe a acordou cedo, ela tomou café no quarto, Teodora penteou o
cabelo da filha lentamente depois fez uma trança.
– Seu pai está esperando para falar
com você. – a mãe disse com a voz triste, Isabel olhou para a mãe assustada.
– Mas mãe eu não fiz nada. – A mãe
acariciou sua cabeça.
– Eu sei querida, sei que é uma boa
menina, foram às ideias do seu pai que mudaram. – Isabel franziu o cenho, sem
entender o que a mãe estava dizendo. – Agora vá o seu pai está esperando no
escritório.
Isabel chegou tímida no
escritório do pai, ele estava avaliando os livros contábeis da fazenda, ergueu os olhos quando ela entrou, pediu a benção dele como o de costume, ele indicou
para que ela se sentasse, Isabel se sentou com as costas eretas se sentindo
desconfortável.
– Amanhã cedo você vai para a casa
de minha irmã em São Paulo, ira morar com ela, para aprender a se comportar
como uma moça. – Isabel perdeu o folego, ela não queria ir embora, a família
dela estava ali, não queria morar com a tia que mal conhecia.
– Pai eu não quero ir. – Isabel
falou com desespero.
– Não estou perguntando sua
opinião, estou te comunicando minha decisão. – Continuou seu pai com uma voz
estridente, Isabel não controlou as lagrimas desta vez, começou a soluçar.
– Por favor, pai me desculpe, eu
prometo que vou me comportar, por favor, não me mande embora. – Seu pai
continua inabalável perante seu pranto.
– Estou fazendo o que é melhor para
você. – Ele apoiou nas costas da cadeira. – acha que eu não sei que ficar por ai
com aquele moleque bastardo que o Ernesto cria. – Isabel ficou chocada com as
palavras do pai, ele estava falando de Joaquim. – Esse comportamento é
inaceitável, filha minha não vai ficar mal falada. – Isabel controlou o choro e
engoliu em seco, ela queria gritar com pai, para que ele não falasse assim de
Joaquim, ele não era bastardo.
A tarde quando
Isabel se sentiu melhor, ficou olhando para o horizonte sabia que estava na
hora de encontrar com Joaquim, o pai não permitiu que ela saísse de casa, ela
nem poderia se despedir e isso fez seu coração doer, ela nem sabia ao certo se
conseguiria sobreviver durante o tempo que ficaria fora, pode alguém morrer de
saudades?
Pegou papel e
caneta e escreveu um bilhete rápido.
Querido Joaquim, meu pai não quer que eu te
veja mais, por isso irá me mandar para longe, não sei se suportarei viver sem você. Prometemos de um dia nos casar, lembre-se de nossa promessa, lembre-se de
mim, eu prometo que voltarei para você.
Sua para todo sempre Isabel.
Isabel foi até a cozinha encontrou Joana e pediu para ela levar o
bilhete para Joaquim, a princípio ela negou, não queria se meter em
encrencas, mas Isabel implorou para a moça que acabou aceitando.
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