sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Romeu e Julieta do Sertão - Capitulo 1




Vou lhes contar uma história de amor de um casal de namorados, jovens apaixonados que se conheceram a algum tempo atrás, por volta da década de cinquenta lá pelas bandas de Goiás, a muito se ouviu falar desta história, que se tornou lenda e musica, ainda toca nas rádios, para que as pessoas se lembrem desta história de amor puro e verdadeiro, destruído pela maldade e pela inveja.
Tudo começou em uma vila chamada Santa Luzia um povoado que ficava no pé da serra, ali o povo tinha uma vida pacata, tranquila típica do interior, todos conheciam o poderoso fazendeiro Jacinto de Andrade, com terras a perder de vista, tinha mais cabeças de gado do que qualquer fazendeiro da região, morava em casarão a duas léguas da vila de Santa Luzia, era casado com Teodora, tiveram três filhos o mais velho Henrique, Inácio o filho do meio e a pequena Isabel.
Isabel é uma flor de menina, pele clara, olhos negros como jabuticabas  e cabelo sedoso da cor de noite sem lua, ela foi criada com muito carinho por seus pais e protegida pelos irmãos. Isabel era uma menina pouco convencional, sempre brincava com os irmãos e não gostava de perder para eles, em qualquer aposta ou em brincadeiras.
Certa vez havia uma festa no povoado, era festa de São João, todos estavam animados com as comemorações e a crianças estavam alegres para soltar rojões. Era final de tarde quando o padre terminou de celebrar a missa, as crianças saíram correndo, Isabel foi atrás dos irmãos, ela tinha oito anos, mas era traquina tanto quanto qualquer garoto que estava ali. Os irmãos a deixaram para traz, estavam correndo na praça em frente a igreja para se juntar aos outros meninos do povoados, Isabel tentou alcança-los, mas cai e ralou o joelho, a garota se sentou e olhou o ferimento, lutou para conter as lagrimas, pois não queria que seus irmãos a vissem chorando, foi então que ela percebeu que ali havia um menino deveria ter 11 anos, a mesma idade de seu irmão mais velho Henrique , ele estendeu a mão para ela com um sorriso bondoso nos lábios.
Isabel desconfiou dele, pois seus irmãos nunca foram gentis, ela estreitou os olhos e avaliou o garoto rapidamente, mas por algum motivo ela pegou na mão dele, pois algo em seus olhos cor de caramelo fez que ela confiasse nele, o garoto a ajudou se levantar, Isabel bateu a poeira do vestido, olhou para o ferimento no joelho que estava ardendo.
– Deve estar doendo. – Disse o garoto olhando para o machucado. – Venha, sente- se aqui. – Ele indicou um banco próximo, Isabel mancou até o banco imaginando a bronca que iria levar da mãe por ter ralado o joelho e por estar com vestido sujo. Isabel se sentou e olhou para o garoto que se sentou ao lado dela.
– Obrigada. – Disse. ­– Qual é o seu nome ?
– Joaquim.
– Eu sou a Isabel. – O garoto sorriu para ela.
– Eu sei quem você é, filha do Jacinto, meu tio não gosta do seu pai.
– Por que? – Perguntou Isabel , Joaquim deu de ombros.
– Coisas de adultos, o meu tio trabalhou para seu pai a algum tempo, e Sr. Jacinto não pagou meu tio, quando meu tio foi cobrar a divida o seu pai expulsou meu tio das terras dele e disse para nunca mais voltar ali. – Isabel arregalou os olhos, ela não sabia bem porque o pai não pagaria o tio de Joaquim, mas ele deveria estar enganado, pois o pai dela não faria isso. Naquela tarde Isabel e Joaquim se tornaram amigos e algo mais surgiu daquela amizade.
Eles se encontravam secretamente para brincar juntos, Isabel não contou para seus irmãos sobre seu novo amigo, pois ela queria que Joaquim fosse apenas seu, um amigo secreto. Os dois tomavam banho no riacho, brincavam com seus estilingues e exploravam as matas próximas dali. Um dia os dois subiram a serra e lá do alto deitados na relva olhando as nuvens passarem Joaquim disse:
– Um dia quero ser o melhor vaqueiro dessa região.
– Vaqueiro? Pensei que você seria violeiro. – Isabel falou e se virou para olhar o amigo.
– Isso foi antes, agora eu quero ser vaqueiro, meu tio esta me ensinando a domar cavalos, ele me disse que logo vai me levar para ajudar ele tocar o gado, vamos atravessar o rio Paranaíba. – O pai de Joaquim morreu quando ele era pequeno a mãe dele foi embora e deixou-o, ele foi criado pelos tios Ernesto e Angelina.
– Mas se você se for com quem eu vou brincar ? –Perguntou Isabel preocupada, Joaquim sorriu para ela.
– Eu vou voltar para te contar minhas aventuras.
– Eu queria ir com você. – Disse Isabel tristonha.
– Um dia eu vou te levar comigo.
–Promete?

­– Sim eu prometo Bel. ­– Joaquim disse. – Mas  só se você prometer que um dia vai casar comigo. ­­– Isabel começou a rir. ­– Estou falando serio Bel, um dia você vai ser minha esposa, vamos nos casar aqui no alto da serra. 


2 capitulo
Os meses foram passando rapidamente, se tonaram anos  e Joaquim foi com o tio aprender a lida de vaqueiro, enquanto Isabel suspirava de saudades do amigo, tinha que se contentar em brincar com os irmãos, mas não era a mesma coisa, pois seus irmãos nunca a trataram como igual.
A alegria da menina voltou algum tempo depois, com o retorno de Joaquim, este chegou cheio de histórias para contar, das suas andanças. Joaquim  estava mais velho quase um rapaz, já não era mais o menino que ela conheceu, contou que montou em uma mula brava e ainda saiu vencedor,  ajudou ao tio a caçar um porco do mato e conheceu a cidade grande,  até então ele nunca havia saído daquelas terras, os olhos de Joaquim  brilhavam de felicidade, enquanto Isabel  imagina suas façanhas com ar de sonhadora.
Os dois ficaram tão entretidos na conversa que não viram o tempo passar, já estava anoitecendo quando Isabel se deu conta que deveria estar em casa, ainda tinha que se lavar para o jantar, seu pai fica uma fera quando seus filhos desobedecem a suas ordens. 
–Eu tenho que ir estou atrasada – Isabel deu um beijo na bochecha de Joaquim  e saiu correndo pelo pasto. Quando chegou em casa o sol já havia se escondido no horizonte, Isabel foi direto para a sala de jantar, não daria tempo para se lavar, todos já estavam sentados a mesa, o pai dela a olhou de cara feia, seus irmãos estavam de cabeças baixo, isso não era um bom sinal.
–Onde você estava Isabel ? – Perguntou o pai com a voz endurecida.
– Eu estava brincando. – a menina responde prontamente.
– Até essa hora, sabe muito bem que não gosto que ninguém desta família se atrase para o jantar. ­– Isabel não se atreveu a olhar para o pai, mas sabia que seus olhos estavam faiscando de raiva.
– Me desculpe pai isso não vai acontecer de novo. – Isabel falou com a voz firme, ela fez menção de se sentar a mesa.
– Olhe só para você esta imunda. – Isabel sabia que estava suja,  seu vestido estava empoeirado, havia carrapichos em suas roupas e em seus cabelos, ela estava suada porque correu para chegar a tempo. – Não vai se sentar a mesa com está sujeira,  ficará sem jantar para aprender não se atrasar. – Os olhos de Isabel se encheram de lagrimas o pai nunca fora tão rude com ela, olhou para a mãe que tinha os olhos triste e distante, os irmãos se remexeram inquietos em suas cadeiras – Está surda Isabel vá logo para seu quarto. – o pai gritou, ele nunca havia gritado com ela.
Isabel foi para o quarto e naquela noite chorou até adormecer sem se importar com a dor no estomago, no outro dia pela manhã, sua mãe a acordou cedo, ela tomou café no quarto, Teodora penteou o cabelo da filha lentamente depois fez uma trança.
– Seu pai esta esperando para falar com você. – a mãe disse com a voz triste, Isabel olha para a mãe assustada.
– Mas mãe eu não fiz nada. ­– A mãe acaricia sua cabeças.
– Eu sei querida, sei que é uma boa menina, foram às ideias do seu pai que mudaram. – Isabel franziu o cenho, sem entender o que a mãe estava dizendo. – Agora vá o seu pai esta esperando no escritório.
Isabel  chegou tímida no escritório do pai,  ele estava avaliando os livros contábeis da fazenda, ergue os olhos quando ela entra, pediu a benção dele como o de costume, ele indicou para que ela se sentasse, Isabel se sentou com as costas eretas se sentindo desconfortável.
– Amanha cedo você vai para a casa de minha irmã em São Paulo, ira morar com ela, para aprender a se comportar como uma moça. – Isabel perdeu o folego, ela não queria ir embora, a família dela estava ali, não queria morar com a tia que mal conhecia.
– Pai eu não quero ir. – Isabel falou com desespero.
– Não estou perguntando sua opinião, estou te comunicando minha decisão. – Continuou seu pai com uma voz estridente, Isabel não controlou as lagrimas desta vez, começou a soluçar.
– Por favor, pai me desculpe, eu prometo que vou me comportar, por favor, não me mande embora. – Seu pai continua inabalável perante seu pranto.
– Estou fazendo o que é melhor para você.– Ele apoia nas costas da cadeira. – acha que eu não sei que ficar por ai com aquele moleque bastardo que o Ernesto cria. – Isabel ficou chocada com as palavras do pai, ele esta falando de Joaquim. – Esse comportamento é inaceitável, filha minha não vai ficar mal falada. – Isabel controlou o choro e engoliu em seco, ela queria gritar com pai, para que ele não falasse assim de Joaquim, ele não era bastardo.

– Pode ficar chateada agora, mas vai me agradecer depois. – Isabel sabia do fundo do coração que  nunca iria agradecer ao pai por isso. – Mas veja pelo lado bom seus irmãos vão com você, quero que meus filhos voltem doutores, eles vão administrar isso aqui quando eu morrer e quanto a você vou lhe arranjar um casamento. – Isabel olhou para o pai com os olhos arregalados de horror, ela não iria se casar com nem um homem, ela prometeu se casar com Joaquim, seu coração pertence a Joaquim. – Não tem que se preocupar com isso por enquanto, quando fizer 18 anos vou arrumar um bom partido para você, agora pode ir fazer suas malas. – Isabel se levantou da cadeira sem de fato sentir o chão, chegou ao quarto sua mãe estava arrumando suas malas, ela correu para o colo da mãe e começou a chorar, ela chorava não por ficar longe da família mas porque ficaria longe de Joaquim.
A tarde quando Isabel se sentiu melhor, escreveu um bilhete a Joaquim, o pai não permitiu que ela saisse de casa, ela nem poderia se despedir e isso fez seu coração doer, ela nem sabia ao certo se conseguiria sobreviver durante o tempo que ficaria fora, pode alguém morrer de saudades?
Pegou papel e caneta e escreveu um bilhete rápido.

Querido Joaquim, meu pai não quer que eu te veja mais, por isso ira me mandar para longe, não sei se suportarei viver sem te. Prometemos de um dia nos casar, lembre-se de nossa promessa, lembre-se de mim, eu prometo que voltarei para você.

Sua para todo sempre Isabel.


Romeu e Julieta do Sertão - Capitulo 4

Joaquim levou uma bronca de sua tia, ele contou aos tios que caiu do cavalo e machucou o nariz, não iria contar o que de fato aconteceu, horas depois do jantar Joaquim pulou a janela do quarto e saiu para noite clara com luar,  foi andando por entre as sombras, já era tarde da noite a lua estava no alto do céu, notou que seu fiel cachorro o acompanhava, perdigueiro era um cachorro pequeno, mas muito valete. 
Volte para casa perdigueiro, nessa empreitada tenho que ir sozinho, será muito perigoso.– O garoto espantou perdigueiro e prosseguiu, de fato será perigoso se Osório o capataz da fazenda  estiver por perto meterá chumbo e perguntará depois, sem falar dos cachorros da fazenda, Joaquim precisará de um plano e  já sabia exatamente o que iria fazer.  
Pegou um frango no poleiro na casa do vizinho,  sorrateiramente chegou a casa de Jacinto de Andrade, soltou o frango no escuro, este começou a gritar e chamar a atenção dos cachorros, que vieram latindo, o frango correu levando os cachorros para longe, Joaquim desceu da arvore em que se escondia deu a volta na casa procurando pela janela certa, e para sua surpresa, havia uma menina formosa debruçada na janela, contemplando as estrelas  ao pálida luar, com seus longos cabelos negros dançando com a brisa do vento, Joaquim sentiu o coração parar no peito, Isabel é tão formosa, ele precisa ser rápido, o frango não irá distrair os cães a noite toda.  
Joaquim escalou pela pilastra de pedra, até chegar na janela de Isabel quando o viu ela arregalou os grandes olhos escuros, mas logo notou que era ele, abriu um sorriso encantador de menina, quando Joaquim enfim pulou para dentro do quanto, Isabel o abraçou apertado, depois o olhou com preocupação. 
Esta louco, não deveria ter vindo, se Osório te encontrar nem sei o que poderia  acontecer. – Isabel sussurrou para não acordar os pais que dormem no quarto ao lado.  
– Eu tinha que ver você.– Joaquim acaricia a bochecha de Isabel. – Não posso permitir que seu pai  te leve para longe de mim.  
– Não há nada que possa fazer, meu pai esta com muita raiva é melhor fazer o que ele pede.–  A face de Joaquim se contorce de angustia. 
–Tenho que fazer algo, você não pode partir.– Isabel ficou triste, passou a mão pelos cabelos de Joaquim. 
– Não quero que faça nada imprudente, temo por sua vida, fiquei sabendo que enfrentou Osório, me prometa que não fará nada, me prometa que ficará bem. 
– Não posso prometer isso.– Falou Joaquim se afastando dela. 
– Se matarem você eu também morrerei, não percebe isso.–  Isabel se aproximou de Joaquim. – Eu voltarei para você prometo isso, mas tem que zelar por sua vida, quando voltar quero encontra-lo inteiro.–  Relutante Joaquim concordou. 
– Está bem Bel eu prometo, vou pensar em você todos os dias. – Joaquim se virou para Isabel, com olhos tristonhos, a menina o abraçou apertado.  
– Eu também vou pensar em você, olhe para lua e para as estrelas pois eu também irei olhar todas as noites e pensarei em te, tocando sua viola. – Isabel tem um cheiro adocicado de rosas, Joaquim passou a mão pelos cabelos sedosos.  
– Irei tocar pra você, toda noite de lua cheia, não vou esquece-la morena. – Joaquim abaixou a cabeça e beijou a testa de Isabel.  
Os dois ficaram boa parte da noite conversando, falando sobre o futuro, como seria a vida dos dois onde eles iriam morar, quantos filhos teriam, sonhando acordados com um futuro, idealizando o destino, mas infelizmente o destino tem outros planos para esses dois, um caminho tortuoso cheio de pedras e espinhos. 
Quando a alvorada surgiu Joaquim chegou em casa, alegre e triste ao mesmo tempo, sem saber bem o que estava sentindo tudo o que sabia é esse tempo longe Isabel seria longo, mas ele prometeu que iria esperar por ela, esse tempo seria uma eternidade e um tormento. Mas ele iria manter a sua palavra e esperar por ela, tinha que se manter firme para não morrer de saudades ou para não perder o juízo, passou a noite toda gravando cada traço delicado do rosto de Isabel em sua memoria.  
Isabel olhava pela janela do carro e suspirava, estava indo para longe do seu lar, de sua terra e para longe de Joaquim, ela observava a serra ao longe melancólica, não sabia ao certo quando voltaria, mas rezava para que seja em breve. 

Romeu e Julieta do Sertão - Capitulo 3

Joaquim estava no curral  com o tio, Ernesto estava domando cavalos por empreita, enquanto os bois engordam, dentro do curral há um potro de dois anos, ancas lagar, patas fortes, um trote determinado é um belo alazão cor de brasa. Só de olhar em seus olhos Joaquim  o espirito indômito do animal, se identificou com o potro, este  luta  com bravura para não ser domado, a natureza de ambos é livre.  
Seu tio laça o potro com um golpe certeiro Joaquim não tiro os olhos, nem se quer pisca para gravar os movimentos do tio, pela a primeira vez Ernesto passa as rédeas de um cavalo xucro a Joaquim. O método de seu tio é contrario de qualquer outro domador dessas bandas, seu tio não usa esporas, não usa chicotes, não usa nem um método que agride o animal, sua doma é gentil, na base da conversa. 
Joaquim alisa o animal, passando a mão em suas ancas, nas patas, acaricia o focinho enquanto conversa com o potro,  quando percebeu que ganhou a confiança vem o segundo passo, Ernesto flanqueia o potro com outro cavalo pegando nas rédeas, Joaquim monta o alazão com cuidado, esse se assusta e se inclina ficando em duas patas. 
– Calma garoto, esta tudo bem. – Joaquim conversa e acalma o potro, seu tio instiga o cavalo ao lado para andar, com passos lentos e cuidadosos o animal caminha se acostumando com a presença de Joaquim, pouco depois se sentido confiante galopa. 
No final do dia Joaquim já confia no potro e o potro fica cada vez mais a vontade com Joaquim, que já esta montando com arreio e sem o cavalo guia. Joaquim cavalgo para o ponto de encontro com Isabel, ele queria mostrar a ela o cavalo que ele mesmo domou, queria se gabar de sua façanha, ele iria deixa-la montar, mas com ele guiando cavalo e também ele queria falar com ela sobre aquele beijo de outro dia, ela o beijou e saiu correndo, Joaquim sorriu com o pensamento, recordando o doce toque dos lábios da moça em sua bochecha.
 Chegou na frondosa arvore que ficava no alto de um morro, no viu Isabel, ficou esperando, deitado na relva olhando as nuvens passar no céu azul, ao longe Joaquim viu uma moça, subir o morro até onde ele estava. Quando ela se aproximou ele reconheceu a filha de Maria a cozinheira da família Andrade, o nome dela é  Joana.  
 – Joaquim.– Ela gritou o nome do rapaz, Joaquim ficou preocupado algo deve ter acontecido com Isabel ela nunca deixaria de vir ao seu encontro, Joana chegou até ele sem folego, ela deveria ter 18 anos de idade, um mulata bonita, ela estava ofegante.  
– O que foi Joana? Onde esta Isabel? – Sem dizer nada ela apenas entregou um pedaço de papel, certamente um bilhete.  
Impaciente Joaquim pegou o bilhete e começou a ler rapidamente, choque se passou no rosto do rapaz ele ficou pálido, soltou uma exclamaçãoseu rosto se contorceu em angustia, guardou o bilhete no bolso, montou no cavalo. 
– Vamos ver do que você é capaz– Joaquim disse na orelha do animal e o instigou, o cavalo galopou  como o vento, Joaquim não iria permitir que Isabel fosse embora, não iria permitir que ela fosse embora da vida dele.  
O rapaz chegou na casa grande da fazenda de Jacinto, a sede da fazenda é um típico casarão pintado de branco, com grandes janelas azuis,  há varias palmeiras em volta da casa e uma  grande arvore um flamboyant florido de vermelho.  Joaquim desceu do cavalo e foi andando com passos determinados para a porta da casa, o capanga de Jacinto, Osório o  abordou. 
– Onde você pensa que vai, moleque ?  
– Não sou moleque sou um homem, vim para falar com Isabel.– Osório riu mostrando os dentes amarelos e falhos, ele deveria ter cinquenta anos, com uma barba grande e grisalha muito magro, feições rudes, sua  aparência é de dar medo, mas não em Joaquim.  
– Não vai falar com ninguém é melhor ir embora antes que eu lhe de uma surra moleque. – Sua voz é ameaçadora.  
– Sai da minha frente. – Esbravejou Joaquim.  
– Se eu não sair o que vai fazer ? – Joaquim tem que admitir que não pensou muito, antes de chegar aqui, mas não iria desistir tão fácil. 
– Vou passar de um jeito ou de outro– disse Joaquim levantando os punhos. 
– Você tem coragem, mas eu estou sem paciência. – Osório deu um soco no estomago de Joaquim, o rapaz caiu de lado, sem conseguir respirar, Joaquim se levantou e partiu para cima do agressor tentou golpeá-lo, mas ele se esquivou e revidou com um soco acertando o nariz de Joaquim, sangue jorrou pingando em sua camisa, pelo jeito o seu nariz estava quebrado.  
– Vá embora moleque enquanto ainda pode, eu não sou um homem misericordioso. – Joaquim olha com ódio para Osório, esse o olha com um sorriso de desdém, Joaquim era valente não burro, não poderia vencer Osório então resolveu ir embora, ele montou em seu cavalo e vai pra casa.  
Joaquim  não iria desistir  voltaria a noite para ver Isabel,  vai subir até a janela do quarto dela, nem que seja para se despedir, ele precisava vê-la